O bicho paPão
… o primeiro pão nasceu no egípto, milhares de anos a.c., e era feito a partir de uma mistura de cereais cultivados ao longo das margens do rio Nilo, isento de fermento. Era portanto, uma massa compacta, que começou a ganhar volume com a descoberta do fermento e utilização do forno na sua produção.
…. o pão é um alimento universal, base da alimentação humana, tanto em países subdesenvolvidos, como em países em desenvolvimento ou desenvolvidos e característico da alimentação mediterrânica.
…. atualmente, em Portugal, a quantidade máxima de sal existente no pão deve atender aos 1,4g por cada 100g de pão, estipulado por lei. Sendo que, até ao final do mês de maio, está a decorrer o processo de inscrição para a atribuição de selos de excelência do programa “Menos Sal, Mesmo Sabor” (promovido Direção Geral de Saúde, Instituto Ricardo Jorge e Ministério da Saúde), onde o objetivo estabelecido às padarias e panificadoras é o fabrico de pão com a quantidade máxima de 1,0g de sal por cada 100g de pão.
…. o pão afinal não engorda!!!!
O pão
…. por definição legal, resulta da mistura básica de farinha de cereais com água, fermento e sal. Sendo um alimento barato, de fácil acesso, simples, pouco processado, pouco calórico e cuja riqueza nutritiva e energética pode variar de acordo com os ingredientes que lhe sejam adicionados (frutas desidratadas, frutos oleaginosos, sementes, azeitonas, produtos lácteos, carnes processadas, gorduras, ervas aromáticas, especiarias, produtos hortofrutícolas…).
… pode ser de fabrico tradicional, artesanal, biológico, fresco, de longa duração, simples, com adição de outros ingredientes que o enriqueçam ou simplesmente aumentem quer a sua durabilidade, quer a sua variedade na oferta ao consumidor.
….deve fazer parte da alimentação diária e, tal como indicado quer na Roda dos Alimentos Portuguesa, quer na Pirâmide Alimentar Mediterrânica, corresponde a um alimento base, cuja riqueza nutricional está dependente do tipo de farinhas utilizadas e dos ingredientes adicionados.
… não deve ser eliminado da alimentação diária e substituído por tostas industrializadas, ou pior um pouco, por bolachas industrializadas. Atualmente, qualquer que seja o motivo que nos leve a diminuir o consumo de pão, o comportamento deve ser mesmo esse, a diminuição da quantidade ingerida e procura da variedade ou variedades que melhor se adaptam a cada pessoa e não o deixar de consumir.
… imagem do conceito que deve ser utilizado no consumo de cereais e produtos derivados, quanto menos refinada for a farinha utilizada no seu fabrico, mais nutritivo e saudável será. Pois considerando o grão completo do cereal e a sua riqueza presente quer no farelo, quer no gérmen, quer no endosperma, apenas mantendo as partes do cereal intactas, como acontece nas farinhas integrais, é possível manter o respetivo valor nutritivo (ácidos gordos polinsaturados; amido; proteínas; vitaminas E e do complexo B e minerais). Ou seja, quanto mais refinada for a farinha utilizada na produção do pão, mais desinteressante e pobre nutricionalmente este se torna.
…. pode ser um ótimo fornecedor de fibras alimentares, basta que seja fabricado com farinhas integrais, podendo ter sementes ou passas adicionadas. A riqueza em fibras constitui um dos grandes benefícios no consumo de pão, por todos as vantagens que estas representam para a saúde, no que respeita a diminuição dos valores de colesterol, triglicéridos, tensão arterial, glicemia, regulação do funcionamento intestinal, controle do apetite, prevenção de inúmeros tipos de cancros, entre outras.
… pode ser produzido sem recurso à farinha de trigo, eliminado a presença do glúten, que atualmente é frequente ser um dos requisitos básicos de seleção. Contudo, o glúten, funciona, na produção do pão, como um elemento base nas características de viscosidade, elasticidade e resistência da massa, pelo que, perante a sua ausência, torna-se necessário o recurso a técnicas alternativas para assegurar estas características.
…. pode e deve fazer parte das merendas diárias (escolares, no trabalho, em casa) e, em determinadas refeições principais, pode representar a alternativa energética, em substituição de outros alimentos fornecedores de elevadas quantidades de hidratos de carbono mais tradicional e frequentemente consumidos (batata, arroz, massa). Quem não prefere a sardinha no pão, o carapau alimado empurrado com pão, o pão molhado no azeite do peixe cozido ou no molho da salada de tomate, as açordas e migas prensadas, as sopas e ensopados com pão torrado, as sopas de tomate com base de pão, o petisco de verão com pão com manteiga, a sandes de queijo fresco com alface e tomate na praia, o chá de inverno com torradas, etc. Tendo o devido cuidado e orientação (de acordo com as necessidades energéticas diárias individuais) nas quantidades ingeridas.
Como em tudo na alimentação, o segredo não é eliminar o pão, mas sim selecionar o melhor de acordo com a oferta, variando e controlando quer as quantidades, quer a frequência no consumo.
E, para terminar, quanto a mim, o verdadeiro papão não é o pão, não é o glúten, não é o fermento, mas sim a industrialização alimentar e todos os aditivos utilizados para aumentar grandemente a duração e o valor energético dos alimentos (especialmente gorduras saturadas e hidrogenadas e açúcares)!!!!
Vanessa do Carmo
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Para os aderentes do Cartão Freguês da Mercea...
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